Fleabag e o fracasso de todos nós

Katia Delavequia
5 min readJul 15, 2019

10 motivos para parar o que está fazendo e assistir

Phoebe Waller-Bridge conte comigo para tudo

Demorei pra correr aqui e escrever sobre Fleabag porque nem sei…tanta coisa que essa série me fez pensar. Fiquei por dias e dias matutando, a identificação rolou forte.

Do I have a massive asshole?
  1. Phoebe Waller-Bridge é Fleabag

Podemos dizer que ela joga nas onze. Atriz, escritora e dramaturga britânica, além de ser a criadora de Fleabag também criou e protagonizou Crashing, escreveu e produziu Killing Eve (outra série imperdível), bem como fez a voz do droid L3–37 em Han Solo: Uma história Star Wars. E sabe o novo filme do 007? Ela foi contratada para reescrever o roteiro.

"Eu sou um grande fã de basicamente qualquer coisa escrita sobre mulheres complicadas e contraditórias."

Imagina uma personagem que condensa em si o significado de ‘flope’, solteira, 30+, que tenta viver com alguma dignidade na Londres atual lidando com uma família disfuncional, relacionamentos superficiais e os perrengues da vida, enquanto enfrenta o luto da morte recente da mãe e da melhor amiga. Acrescente aí o politicamente incorreto, ironia, cinismo e muito sarcasmo.

Uma curiosidade é que em nenhum momento da série, Phoebe é chamada pelo nome da personagem. Fleabag em inglês significa saco de pulgas. E o fato de não ter um nome convencional faz com que nós mesmos possamos estar em seu lugar. Well done Phoebe, well done.

2. O feminismo moderno e suas contradições

São várias as situações em que Fleabag questiona o feminismo. Em um evento sobre o tema, a palestrante sobe ao palco, sob muitos aplausos e diz “Faço uma pergunta para as mulheres nesta sala hoje”, começa ela, num tom grave. “Por favor, levante a mão se você trocaria cinco anos de vida pelo chamado corpo perfeito.” Fleabag e a irmã botam a mão para cima sem vacilar. O resto da plateia observa horrorizada. Então ela se questiona “será que eu não sirvo nem para ser uma feminista decente?”. Ela brinca com a questão de "ter que ter uma posição" por ser mulher. Sou mulher e se não sou feminista sou o quê? É tipo tábuas da lei? Tenho que seguir as regras senão sou uma vergonha? It makes me wonder.

3. Humor britânico

Poucos fazem humor tão bem como os ingleses. É outra vibe. Eles conseguem transformar a desgraça em humor de uma maneira irônica, ácida, tipo um soco na sua cara. E por incrível que pareça você vai rir. Sim. A comédia é um recurso para aceitarmos o fracasso. Suportar, sabe. Há uma linha tênue entre o triste e o engraçado e o povo da rainha tem sua genialidade por saber isso explorar muito bem.

4. The Hot Priest

Jogue the hot priest no google e repare nas primeiras imagens. O incrível personagem de Andrew Scott só aparece na 2ª temporada e dá uma movimentada na série que meu jesus amado. Ver o padre (ele também não tem nome é só padre mesmo) e Fleabag em cena não dá nem pra explicar…só vendo.

5. Esse diálogo

"Ouça, eu estava no avião outro dia e percebi, bem, digo, tenho desejado dizer isso em voz alta. As mulheres nascem com dor embutida.

É nosso destino físico. Cólicas, seios doloridos, parto, você sabe. Carregamos a dor dentro de nós durante nossas vidas. Homens não.Eles têm que procurar.

Inventam todos esses deuses e demônios e coisas só para que se sintam culpados pelas coisas, o que é algo que também fazemos por conta própria.

E então eles criam guerras para que possam sentir as coisas e para se tocarem, e quando não há guerras eles podem jogar rugby. E nós temos tudo acontecendo aqui dentro.

Nós temos dores em um ciclo por anos e anos e anos e então, quando você sente que está fazendo as pazes com tudo isso, o que acontece? A menopausa vem. A porra da menopausa vem e é a coisa mais maravilhosa do mundo!

E sim, todo o seu pavimento pélvico desmorona e você fica fodidamente gostosa e ninguém se importa, mas então você é livre. Não mais uma escrava, não mais uma máquina, com peças. Você é apenas uma pessoa nos negócios.”

“Oh, me disseram que é horrível.”

“É horrível, mas é magnífico. Algo para se ansiar.”

6. Olivia Colman

O que dizer né? Ela interpreta a madrasta. E sim ela é má. E tá incrível como Olivia poderia ser bem antes do Oscar que ganhou por seu papel em "A Favorita". Rainha demais.

7. Quebra da 4ª parede

O recurso famoso no cinema é usado magistralmente por Fleabag. Ela conversa com a gente o tempo todo e a cereja no bolo é quando o padre entra em cena. Incrível.

8. Apenas 12 episódios de meia hora cada

Dá pra ver Fleabag inteira numa sentada. Parafraseando um famoso slogan ‘é impossível ver um só’. Infelizmente, a série se encerrou na 2ª temporada, mas sei lá…quem sabe um dia vem a 3ª por aí. #orando

9. Pronto, agora apenas assista

10. Mas não foi ainda? Tá na Amazon Prime

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